Brasil, duzentos anos separa-te das garras de Portugal e mesmo que desagradável, sua história deve ser contada, sob o risco de nos afogarmos no mar da romantização hipócrita e alienante. Segundo Darci Ribeiro em seu livro “O Povo Brasileiro”, é do Brasil um dos passados mais sangrentos e cruéis da história da humanidade, foram dizimadas populações inteiras de tribos indígenas, florestas ceifadas e materiais preciosos arrancados deste solo, que atravessaram o oceano. Pronto, estava instituída mais uma colônia de exploração portuguesa, em que as heranças estão, ainda, bem vivas nas entranhas do povo brasileiro, cuja a miscigenação forjou-se a custo do sangue e suor de seus antecedentes, uma delas, bem alicerçada e sólida, embora muitos o neguem, o racismo . Ora, o Brasil, que em toda a história da humanidade foi o país que recebeu o maior número de homens, mulheres e crianças africanas escravizados, foi, também, o último país das américas a por fim à escravidão. São fatos históricos que nos envergonham diante da mais rudimentar civilização humana existente na face da Terra. E precisam ser relembrados e comentados, para que as novas gerações não os tratem como ficção e tão pouco creiam em discursos falaciosos que procuram situar povos indígenas, negros e descendentes como vitimistas, é preciso desenvolver a consciência que fazer do outro cativo, privando-o da liberdade, submetendo-o a trabalhos forçados e torturas, são aberrações históricas que teimam em continuar na mente e ações daqueles que ainda não entenderam que ninguém é humanamente superior a ninguém, que temos uma dívida histórica de reparação a fazer, pois o fim da escravidão não foi sinônimo de liberdade ao povo negro. Despatriado, sem onde ir e estar, desprotegido pelo governo, foi entregue a sorte, ao julgamento preconceituoso, enquanto se somavam às margens na busca de proteger- se uns aos outros, originando os cortiços e favelas de pequenas e grandes áreas urbanas. Ao povo indígena, remanescente do massacre, ofertaram-lhe o confinamento, às chamadas reservas indígenas, quando não as ruas, onde muitos, em grupos, perambulam na busca de alguns trocados da venda de seus produtos feitos à mão, e tão quanto os negros, expostos ao sofrimento causado pela discriminação racial. Ainda hoje, esses povos precisam lutar na busca de dignidade e do exercício de seus humanos direitos.
Quinhentos e vinte e dois anos nos separam da chegada dos primeiros exploradores portugueses, duzentos anos da chamada independência, cento e trinta e quatro anos da libertação do povo negro, escravizados por quase quatrocentos.
Outro assunto, preocupante, agora, por estar relacionado ao comprometimento à vida de todos os seres vivos do Planeta, diz respeito a questões ambientais, amplamente divulgadas pelos meios de comunicação mediáticos, podemos citar a devastação intensificada na região amazônica nos últimos anos, considerada o pulmão do mundo, importante , também , pela sua biodiversidade, não só representativa, mas de fato, faz parte do equilíbrio planetário, equilíbrio esse, cada vez mais intimidado, é o que especialistas alertam, e não é de hoje, o Brasil e o mundo, já, sofrendo as consequências, a exemplo, a pandemia, que ainda assola e se fez ameaça a permanência da espécie humana no planeta. Doenças, mudanças climáticas e devastações fenômecas, são frutos de ações comportamentais humanas que precisam mudar em detrimento de no futuro, não muito distante, ter-se o agravamento dessas situações. Pequenas ações, de exercício comunitário, favorecem o meio ambiente, por outro lado, a devastação maior é da responsabilidade dos que pensam, dominam e desenvolvem políticas, cuja as ações estão calcadas no modelo econômico neoliberal. E por falar em política, lembremos que em nosso país, o direito ao voto é uma importante conquista do povo brasileiro, pois faz- se um forte instrumento de mudanças socialmente significativas, para que todos possam exercer plenamente seus direitos como cidadãos, se souber escolher bem seus governantes, o que não é fácil, pois em meio a discursos eleitorais há os eleitoreiros, ambos sempre agradáveis, o que dificulta identificar quem está bem intencionado .
Contudo, se não há como consertar o passado, conforme explanamos, com grande destruição e mortes. E sendo as determinações do presente, que construirão o futuro, e se sonhamos e queremos um Brasil mais justo, fraterno igual para todos, sejamos gratos pelo belo país que temos, pelo lugar que moramos, pelo povo que somos, sem esquecer o quanto ainda precisa ser construído por todos, a partir do que é ofertado por bons governantes, que valorizando a vida, pensem em políticas sustentáveis voltadas as mais diversas necessidades sociais: a saúde, a educação, a cultura, a moradia, etc. Vejam, estamos nos aproximando de um dos maiores atos cívicos e democráticos, as eleições, é o dia em que o voto de cada brasileiro, nivela a todos, pois o voto de cada um tem o mesmo peso e valor, independente da classe social que venhamos a pertencer, não esqueçamos, é a nossa consciência que depositamos nas urnas, pois nos trará consequências, boas ou más, só mostradas no futuro. Portanto, pensar antes de confirmar o voto na urna, é arriscar obter a melhor escolha coletiva, daqueles que terão nas mãos o poder de conduzir o nosso país, de preferência, com governos inclusivos e humanitários, ou seja, para todos, e assim, sermos uma nação capaz de construir sua verdadeira independência. É o que almejamos. E Viva o povo brasileiro. Viva o Brasil.
Garruchos