Garruchos:  Possível  Origem do Nome  à Cidade

Cultura - Terça-feira, 15 de Março de 2022


Garruchos:  Possível  Origem do Nome  à Cidade

                                Garruchos:  Possível  Origem do Nome  à Cidade

Garrucho, é nome de uma das tribos indígena que lutaram  bravamente pela sobrevivência frente ao poder desigual do oponente vindo além mar. O município de Garruchos  inicia sua história com a colonização espanhola no Rio Grande do Sul, acontecimento marcado  pelo Tratado de Tordesilhas. Forjado com a dor, com a redenção de almas nativas  em detrimento daqueles que ignoraram os verdadeiros donos deste chão .

Não há mais reduções, nem índios, nem padres, o que sobra são pedras, sombras de uma história em que os vencedores não foram os verdadeiros heróis.

O índio Garrucho tornou-se exímio campeiro ao aprender lidar com o gado selvagem  trazido pelos jesuítas para alimentar as reduções e que por tempos se desenvolveram livres pelos campos gaúchos após a guerra guaranítica, que  pôs fim às reduções jesuíticas e deu  início a um novo ciclo na história riograndense.  Criou uma espécie de “desgarronadeira”, a qual nominou  garrucha ou garrocha, era uma  lança de madeira com uma lâmina em forma de meia-lua na ponta, cuja finalidade era ferir o calcanhar do animal  e assim facilitar o abate. Dominou o cavalo, as boleadeiras e o tiro de laço...Herança ainda presente nas atividades campeiras .

Não só o atual município leva o nome do nativo destas paragens, hipoteticamente, segundo  pesquisadores, a exemplo, o escritor uruguaio BUENAVENTURA CAVIGLIA ,é do índio Garrucho o adjetivo pátrio que identifica o nascido no Rio grande do Sul, sendo, pela lei do menor esforço  suprimida para  gaúcho. Gaúcho (el gaucho, para os povos a  margem direita do rio Uruguai, o vizinho país, Argentina, que também o adotaram ), o antigo andarilho, descendente  do índio nômade foi misturando-se a outras etnias e assim formou-se o povo missioneiro da atualidade.

O tempo segue seu curso serpenteando a história, tal qual o rio Uruguai,  que foi levando nas águas gemidos , gritos e silêncios, cercado por campos e matos, tão isolado de tudo...distante...Porém, não suficientemente invisível aos olhos e ataques constantes dos  bandeirantes paulistas, ávidos  pela busca de escravos...E assim, o índio Garrucho  e  o gado foram levados, ambos eram lhes tirado o couro e a carne, o primeiro para que lhes servissem  de escravos em São Paulo e o segundo, churrasco. Por isso, há duas Garruchos...uma na margem esquerda e outra direita do Rio Uruguai, quando recebiam esses ataques, muitos índios conseguiam esconder-se do lado argentino, pois nadavam muito bem, e o inimigo quase nada conhecia do lugar.

Chega o  ano de 1889, mais de dois séculos da fundação de São Borja, ano da proclamação da República dos Estados Unidos do  Brasil. A alegria contagiante tomou conta daquele povo que esperava um futuro promissor para a sua gente. Pois, a tempo esperava-se sair das garras de Portugal...

É importante destacar o nome de um casal da vizinha São Borja: Sr. Manuel Baptista da Silva e Dª Guiomar Pacheco da Silva, ambos doaram uma porção de campo para ser criada uma vila,” com a invocação de Santa Barbara de Garruchos”, conforme ressalta Sarmento. A sede do município atualmente, a 18 de fevereiro de 1891, estava criado o povoado de Garruchos.

Para as folhas do tempo é sempre outono...e elas continuam a desfolhar...

Chegamos ao ano de 1992, ano que, a 20 de março, Garruchos deixa de ser distrito de São Borja passando a compor um dos novos municípios emancipados no Rio Grande do sul.

De lá para cá, naturalmente, houve algumas visíveis mudanças, pois acompanhou o desenvolvimento tecnológico, a  modernidade tomou forma que está nas casas, nas escolas, no comportamento, no jeito de falar e vestir das pessoas.

A localização geográfica não permite o crescimento e expansão significativos  para Garruchos,  não só é  longe dos grandes centros urbanos, como  também das cidades  vizinhas, visto que, o  isolamento ainda persiste, e de certa forma se “agranda”, quando o acesso ainda é por estrada de chão, o que torna difícil a trafegabilidade nos dias chuvosos .

A base econômica vem da agricultura e pecuária, produção de hortifrutigranjeiros e de Leite, pequeno comércio, da pesca, impostos reduzidos e de participação do município na arrecadação nacional e estadual.

A promessa de construção de uma barragem hidrelétrica mexe com o imaginário do povo, porque para muitos é a esperança de dias melhores  e de boa  trafegabilidade, pela   iminência de construção de uma  rede asfáltica (necessária para locomoção de objetos para a construção da barragem). Outros veem o  projeto como promessa de término da paisagem paradisíaca e natural.

Garruchos mantêm o lado bucólico e belo, aqui ainda sobrevive o canto das seriemas, “rabugens” de nuvens e o ronco dos bugios  prenunciam chuvas, as ervas e os benzimentos curam, os esguios paus-ferros e outras árvores nativas, ainda saúdam os visitantes em fundões  de ímpar beleza, onde o ar é puro, o pôr do sol é um dos mais belos espetáculos que os olhos humanos podem contemplar. Nossas noites irradiam poesia pelo esplendor das estrelas e que almas sensíveis recolhem-nas, a mais profunda inspiração e gratidão ao divino . . .O  murmúrio da cachoeira e as histórias do remanso, ainda preparam e embalam o sono e sonhos nas noites altas “no meu Garrucho”.

Essa narrativa teve como fonte de pesquisa e inspiração as obras: “História  de Garruchos” e “O gaúcho e sua origem(Étnica e Etimológica) do professor,advogado,poeta,pesquisador e escritos Nadyr B. Sarmento.

 Autor: Cléa Gomes Santiago

 

Referência bibliográfica:

SARMENTO,Nadyr B.O Gaúcho e sua Origem(Étnica e Etimológica),Porto Alegre,Evangraf,1ºedic,2002. 

SARMENTO,Nadyr B.Histórias de Garruchos,Porto Alegre,Evangraf,1ºedic,2003

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