.
Acessibilidade
.
.
.
.
.
O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras
.
.
.
Notícias por Categoria
Conheça um pouco mais da nossa história
Garruchos: Possível Origem do Nome à Cidade
Garrucho, é nome de uma das tribos indígena que lutaram bravamente pela sobrevivência frente ao poder desigual do oponente vindo além mar. O município de Garruchos inicia sua história com a colonização espanhola no Rio Grande do Sul, acontecimento marcado pelo Tratado de Tordesilhas. Forjado com a dor, com a redenção de almas nativas em detrimento daqueles que ignoraram os verdadeiros donos deste chão .
Não há mais reduções, nem índios, nem padres, o que sobra são pedras, sombras de uma história em que os vencedores não foram os verdadeiros heróis.
O índio Garrucho tornou-se exímio campeiro ao aprender lidar com o gado selvagem trazido pelos jesuítas para alimentar as reduções e que por tempos se desenvolveram livres pelos campos gaúchos após a guerra guaranítica, que pôs fim às reduções jesuíticas e deu início a um novo ciclo na história riograndense. Criou uma espécie de “desgarronadeira”, a qual nominou garrucha ou garrocha, era uma lança de madeira com uma lâmina em forma de meia-lua na ponta, cuja finalidade era ferir o calcanhar do animal e assim facilitar o abate. Dominou o cavalo, as boleadeiras e o tiro de laço...Herança ainda presente nas atividades campeiras .
Não só o atual município leva o nome do nativo destas paragens, hipoteticamente, segundo pesquisadores, a exemplo, o escritor uruguaio BUENAVENTURA CAVIGLIA ,é do índio Garrucho o adjetivo pátrio que identifica o nascido no Rio grande do Sul, sendo, pela lei do menor esforço suprimida para gaúcho. Gaúcho (el gaucho, para os povos a margem direita do rio Uruguai, o vizinho país, Argentina, que também o adotaram ), o antigo andarilho, descendente do índio nômade foi misturando-se a outras etnias e assim formou-se o povo missioneiro da atualidade.
O tempo segue seu curso serpenteando a história, tal qual o rio Uruguai, que foi levando nas águas gemidos , gritos e silêncios, cercado por campos e matos, tão isolado de tudo...distante...Porém, não suficientemente invisível aos olhos e ataques constantes dos bandeirantes paulistas, ávidos pela busca de escravos...E assim, o índio Garrucho e o gado foram levados, ambos eram lhes tirado o couro e a carne, o primeiro para que lhes servissem de escravos em São Paulo e o segundo, churrasco. Por isso, há duas Garruchos...uma na margem esquerda e outra direita do Rio Uruguai, quando recebiam esses ataques, muitos índios conseguiam esconder-se do lado argentino, pois nadavam muito bem, e o inimigo quase nada conhecia do lugar.
Chega o ano de 1889, mais de dois séculos da fundação de São Borja, ano da proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil. A alegria contagiante tomou conta daquele povo que esperava um futuro promissor para a sua gente. Pois, a tempo esperava-se sair das garras de Portugal...
É importante destacar o nome de um casal da vizinha São Borja: Sr. Manuel Baptista da Silva e Dª Guiomar Pacheco da Silva, ambos doaram uma porção de campo para ser criada uma vila,” com a invocação de Santa Barbara de Garruchos”, conforme ressalta Sarmento. A sede do município atualmente, a 18 de fevereiro de 1891, estava criado o povoado de Garruchos.
Para as folhas do tempo é sempre outono...e elas continuam a desfolhar...
Chegamos ao ano de 1992, ano que, a 20 de março, Garruchos deixa de ser distrito de São Borja passando a compor um dos novos municípios emancipados no Rio Grande do sul.
De lá para cá, naturalmente, houve algumas visíveis mudanças, pois acompanhou o desenvolvimento tecnológico, a modernidade tomou forma que está nas casas, nas escolas, no comportamento, no jeito de falar e vestir das pessoas.
A localização geográfica não permite o crescimento e expansão significativos para Garruchos, não só é longe dos grandes centros urbanos, como também das cidades vizinhas, visto que, o isolamento ainda persiste, e de certa forma se “agranda”, quando o acesso ainda é por estrada de chão, o que torna difícil a trafegabilidade nos dias chuvosos .
A base econômica vem da agricultura e pecuária, produção de hortifrutigranjeiros e de Leite, pequeno comércio, da pesca, impostos reduzidos e de participação do município na arrecadação nacional e estadual.
A promessa de construção de uma barragem hidrelétrica mexe com o imaginário do povo, porque para muitos é a esperança de dias melhores e de boa trafegabilidade, pela iminência de construção de uma rede asfáltica (necessária para locomoção de objetos para a construção da barragem). Outros veem o projeto como promessa de término da paisagem paradisíaca e natural.
Garruchos mantêm o lado bucólico e belo, aqui ainda sobrevive o canto das seriemas, “rabugens” de nuvens e o ronco dos bugios prenunciam chuvas, as ervas e os benzimentos curam, os esguios paus-ferros e outras árvores nativas, ainda saúdam os visitantes em fundões de ímpar beleza, onde o ar é puro, o pôr do sol é um dos mais belos espetáculos que os olhos humanos podem contemplar. Nossas noites irradiam poesia pelo esplendor das estrelas e que almas sensíveis recolhem-nas, a mais profunda inspiração e gratidão ao divino . . .O murmúrio da cachoeira e as histórias do remanso, ainda preparam e embalam o sono e sonhos nas noites altas “no meu Garrucho”.
Essa narrativa teve como fonte de pesquisa e inspiração as obras: “História de Garruchos” e “O gaúcho e sua origem(Étnica e Etimológica) do professor,advogado,poeta,pesquisador e escritos Nadyr B. Sarmento.
Autor: Cléa Gomes Santiago
Referência bibliográfica:
SARMENTO,Nadyr B.O Gaúcho e sua Origem(Étnica e Etimológica),Porto Alegre,Evangraf,1ºedic,2002.
SARMENTO,Nadyr B.Histórias de Garruchos,Porto Alegre,Evangraf,1ºedic,2003
.
.
.
.